Teste Anti-HIV de Farmácia: é seguro usar?
FAMESP - 08/06/2017
Para infectologista, autoteste pode ser aliado para aumento
do diagnóstico precoce da aids
Dados de 2016, do Ministério da Saúde, apontam que mais de
800 mil pessoas vivam com HIV/aids no Brasil. O alarmante é que, desse total,
112 mil desconhecem ter o vírus. Com a proposta de reduzir estes números, a
Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) registrou, em maio passado, o
primeiro auto-teste para triagem do HIV, que em breve poderá ser comprado por
qualquer pessoa em farmácias e drogarias do País.
Na avaliação do médico infectologista e diretor clínico do
Serviço de Ambulatórios Especializados em Infectologia “Domingos Alves Meira”
(SAEI-DAM), unidade da Fundação para o Desenvolvimento Médico e Hospitalar
(Famesp), Alexandre Naime Barbosa, o autoteste pode representar um passo
importante para ampliar o acesso ao diagnóstico precoce da doença.
“O principal benefício é o aumento do número de diagnósticos
de infecção pelo HIV, principalmente em fases mais precoces. Com o diagnóstico
em estágios mais iniciais se evita que o paciente fique doente e sua vida seja
colocada em risco, devido às graves complicações da aids. Além disso, ao saber
ser portador do HIV, a pessoa passa a se prevenir mais usando o preservativo, o
coquetel, e deixa de ser uma transmissora do vírus”, argumenta.
O produto tem sensibilidade e efetividade de 99,9% e o
resultado leva de 15 a 20 minutos para ficar pronto. Por outro lado, a
facilidade do acesso ao diagnóstico deve estar acompanhada de alguns cuidados.
“Como todo teste sorológico, há uma janela imunológica. Ou seja, demora cerca
de 30 dias para o teste acusar a infecção após a contaminação, pois esse é o
tempo que o organismo demora para produzir esses anticorpos”, alerta.
Segundo Naime, apesar de poder fazer o teste por conta
própria e a qualquer momento [como hoje ocorre com os testes de gravidez e
diabetes], o paciente deve procurar imediatamente o serviço de saúde caso tenha
ficado exposto ao vírus, como por exemplo, após uma relação sexual sem
preservativo. Também é recomendado repetir o teste, seja em caso negativo ou
positivo.
“O risco de não fazer tratamento para a infecção pelo HIV
[sem o devido acompanhamento médico] é altíssimo. Sem as medicações corretas, o
sistema imunológico vai aos poucos sendo destruído pelo HIV, e a morte é
inevitável. Portanto, o autoteste vem facilitar o diagnóstico e o acesso ao
tratamento mais precoce”, enfatiza.
Em relação às perspectivas de avanços para o diagnóstico e
tratamento do HIV, o médico ainda destaca outras duas importantes novidades.
“Uma é a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), estratégia de uso de medicação
anti-HIV profilática previamente a situação de risco, em populações que com
alta chance de infecção, e que entrará no SUS em breve. A segunda é Terapia
Anti-HIV com a incorporação de uma nova medicação (dolutegravir), que trouxe
grandes benefícios, pois é muito potente e possui pouquíssimos eventos
adversos”, informa.
Entenda o autoteste para HIV / AIDS
- O teste traz o dispositivo de teste, um líquido reagente,
uma lanceta (específica para furar o dedo), um sache de álcool e um capilar
(pequeno tubo para coletar o sangue).
- O resultado leva de 15 a 20 minutos para aparecer.
- O teste deve ser repetido após 30 dias em caso de
resultado negativo.
- Em caso positivo o resultado deve ser confirmado em um
serviço de saúde.
- O teste é capaz de identificar o HIV 30 dias depois da
possível contaminação. Se houver nova exposição (situação de risco), o teste
deverá ser feito novamente respeitando este prazo.
Sobre o SAEI-DAM
Atualmente o SAEI-DAM é responsável pelo acompanhamento de
aproximadamente 1 mil pacientes com HIV/aids de diferentes regiões de São
Paulo, e até mesmo de outros estados. No entanto, estima-se que a região de
abrangência do serviço acumule cerca de 5 mil pessoas contaminadas pela doença.
Além do acolhimento e atendimento de pessoas com testagem
positiva para HIV, Hepatite B e Hepatite C, o SAEI também realiza a Profilaxia
Pós-Exposição (PEP), em casos de situações de risco até 72 horas do ocorrido. A
PEP é uma forma de prevenir a infecção pelo HIV. Porém, para obter sucesso, a
medicação deve ser ingerida por 28 dias consecutivos, e com início até três
dias após a exposição. Tudo com supervisão médica.
Link original: http://www.famesp.org.br/noticias.php?ID=0000763F
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