HIV/aids no Brasil: avanços, desafios e novas abordagens
03/07/17
“HIV/aids no Brasil: avanços, desafios e novas abordagens”
foi tema do painel 15 na sexta-feira (30), último dia da 15ª Expoepi, realizada
desde a terça-feira (27) em Brasília. Sob a coordenação da diretora do Programa
Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids – Unaids Brasil, Georgiana
Braga-Orillard, o painel contou com as apresentações da diretora do
Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das
Hepatites Virais (DIAHV), Adele Benzaken; de Jorge Beloqui, da Associação
Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia); de Tatianna de Alencar da Área de
Tratamento do DIAHV; e de Juliane Costa Oliveira, da Secretaria Municipal de
Saúde de Curitiba.
Segundo Georgiana Orillard, apesar dos avanços nas ações de
prevenção e tratamento do HIV/aids nos últimos anos, o Brasil não sabe contar a
sua história de sucesso no setor. “Nosso país precisa divulgar que está
conseguindo bons resultados ao trazer trabalhos de iniciação científica por
meio do Sistema Único de Saúde”, observou. “Ainda há muitos desafios, mas muitas
conquistas foram alcançadas, como a testagem rápida e as ações de prevenção
como a PEP e a PrEP”, acrescentou.
Adele Benzaken apresentou o panorama geral do HIV/aids no
Brasil, a evolução da testagem regular do HIV, a implantação da PEP e da PrEP
como medidas de prevenção, as campanhas e ações junto ao público e a divulgação
do HepAids 2017, a ser realizado em setembro, em Curitiba. “A missão do nosso
departamento é formular e fomentar políticas públicas relacionadas aos agravos
de nossa competência, dentro dos princípios do SUS, destacando fundamentalmente
os direitos humanos”, afirmou. A diretora do DIAHV reforçou a preocupação
quanto à votação do Projeto de Lei n° 198, que torna crime hediondo a
transmissão intencional do vírus da aids. “Todos nós temos que dizer não a essa
proposta, pois ela pode afastar as pessoas da testagem e do tratamento”.
Para Jorge Beloqui, a informação à população e às pessoas
vivendo com HIV/aids é um dos fatores primordiais nos desafios a serem
enfrentados no contexto do vírus e da doença. “A informação precisa preencher a
lacuna muitas vezes deixada pelo profissional de saúde; é necessário permitir o
acesso às informações sobre testes e sobre a doença. Por exemplo, ao consultar
o ginecologista, a mulher que tem vida sexual ativa tem que ser testada para
prevenir a sífilis”, disse.
Tatianna de Alencar participou com o tema “Profilaxia
Pré-Exposição (PrEP) como medida de prevenção ao HIV” e apresentou dados de
mais essa ação de Prevenção Combinada. A PrEP consiste no uso preventivo dos
medicamentos antirretrovirais tenofovir + entricitabina (TDF/FTC) antes da
exposição ao vírus, por pessoas soronegativas para o HIV, a fim de reduzir o
risco de adquirir a infecção. É indicada para as populações sob maior risco de
infecção pelo HIV: casais sorodiferentes (quando um dos parceiros vive com o
vírus e o outro não), homens que fazem sexo com homens, gays, pessoas trans e
profissionais do sexo.
Sua implementação no SUS ocorrerá de forma gradual e
estima-se a necessidade de cerca de 7.000 profilaxias para o primeiro ano de
oferta nacional. Inicialmente, serão atendidas 12 cidades: Manaus, Fortaleza,
Recife, Salvador, Brasília, Belo Horizonte, Ribeirão Preto, São Paulo, Rio de
Janeiro, Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre.
Por fim, Juliane Oliveira expôs os resultados do projeto “A
Hora é Agora”, lançado em Curitiba em novembro de 2014, com testagem rápida e
gratuita anti-HIV entre jovens gays e outros HSH. O projeto também faz uso de
outras abordagens inovadoras junto à população-chave, tais como testagem rápida
móvel em trailers equipados com laboratórios. Em abril de 2015, o projeto foi
incrementado com a implantação de um aplicativo em que a pessoa pode solicitar
o envio do kit de teste rápido para o endereço de sua preferência. Até abril de
2017, foram realizados 7.678 testes rápidos, sendo 3.096 entre pessoas
pertencentes às populações-chave. “Os resultados, que demonstraram a aceitação
do público e a revelação de que indicariam a testagem a outras pessoas, nos
estimulam a continuar com o projeto”, afirmou.
NÚMEROS - Segundo o Boletim Epidemiológico HIV/Aids 2016, o
Brasil apresenta uma média de 40 mil novos casos por ano. Até maio de 2017, 511
mil pessoas estão em tratamento. Outras 332 mil pessoas com HIV/aids não se
submeteram ao tratamento e 112 mil indivíduos não sabem que estão infectados.
Entre 2012 e 2016, o Ministério da Saúde já distribuiu 2,5
bilhões de preservativos masculinos, 53 milhões de camisinhas femininas e 118
milhões de gel lubrificante. Em 2016, foram realizados 7,3 milhões de testes
rápidos em todo o país. Até junho de 2017, mais de 34 mil pessoas vivendo com
HIV/aids fazem uso do medicamento dolutegravir, implementado na primeira linha
de tratamento desde setembro de 2016.
Painel contou com apresentação da diretora do DIAHV, Adele
Benzaken
http://www.blog.saude.gov.br/index.php/52732-as-conquistas-e-desafios-no-enfrentamento-ao-hiv-aids-no-brasil
Fonte: Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do
HIV/Aids e das Hepatites Virais
https://www.facebook.com/ISTAidsHV
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